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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mulheres aprendem técnicas de defesa pessoal com os guadas municipais


Foto: Divulgação
Para ministrarem o curso, os guardas municipais passaram por uma capacitação de quase dois anos
Caneta, celular, chave, palito, sapato, cinto. Pouca gente sabe, mas estes itens, se utilizados da forma certa, podem servir de ferramentas de defesa durante uma tentativa de violência. Para ensinar isso e inúmeras lições de como se defender em uma situação iminente de perigo, a Guarda Municipal de Salvador está promovendo um curso de defesa pessoal para mulheres de todas as idades.
São 32 horas de aulas práticas e teóricas gratuitas, ministradas por um grupo multidisciplinar de guardas municipais. As participantes do curso tiveram lições de primeiros socorros voltados à violência sexual e suas consequências, aspectos sociais da violência contra a mulher, noções de combate corpo a corpo, reconhecimento de padrões de agressividade, gerenciamento de crise e receberam atendimento psicológico e assessoria jurídica, entre outros conhecimentos oferecidos durante o projeto. 
O projeto, que iniciou em maio deste ano no Centro de Referência Loreta Valadares, já está em sua 6ª turma e agora acontece em três lugares: nos Centros Sociais Urbanos (CSUs) de Pernambués e de Narandiba e na Associação Beneficente dos Sargentos, Subtenentes e Oficiais da Polícia Militar da Bahia (ABSSO), na Avenida Centenário, sendo este último somente para as procuradoras e servidoras do Ministério Público do Estado da Bahia. Para participar é preciso se informar sobre o calendário de abertura de novas turmas e levar o comprovante de residência e o RG em um desses CSUs.
Para a promotora de Justiça Guacira Vasconcelos, 37, o curso está sendo muito interessante, pois dá noções de defesa pessoal que vão além do embate físico, mas no que diz respeito à postura, ao comportamento.
“Estou podendo ver aqui formas de identificar situações de risco e como orientar melhor as vítimas de violência. Como atuo na área criminal, esse curso está sendo muito enriquecedor. Como mulher, estou aprendendo toques para o meu dia a dia, como, por exemplo, manter uma postura mais forte, olhar nos olhos do possível agressor, evitar exposições desnecessárias e utilizar coisas que eu tenha à mão para me defender”, apontou Guacira.
Na opinião de um dos coordenadores do projeto, o guarda municipal Júlio Ramos, esse é um serviço que coloca a Guarda Municipal mais próxima da comunidade. “Sabemos que a violência doméstica, a sexual e a violência em suas inúmeras modalidades atingem todas as classes. É muito gratificante saber que estamos ajudando todas essas mulheres a terem um comportamento emancipatório, a conquistarem o seu empoderamento e a acabarem com a ideia de que, de alguma forma, são culpadas quando sofrem violência, seja por estarem usando roupas curtas ou porque fizeram coisas que desagradaram seus maridos, por exemplo”, ressaltou Ramos.
A equipe que ele coordena em conjunto com o GM Renato Costa, é formada pelos guardas municipais Francisco Novaes, Edson Maia, Olívia Fonseca, Antônio Lacerda, Marcos Estrela e Jorge Machado, e pela funcionária da Superintendência de Políticas para as Mulheres (SPM) Ludmilla Ramos.
O GM Antônio Lacerda, responsável pela parte psicológica do curso, destaca que o curso não vende a falsa ideia que a mulher vai sair sempre vitoriosa em um confronto com um homem, mas busca desenvolver a inteligência emocional, apurar seus instintos e tentar reduzir os danos para elas.
“A defesa vem primeiro na mente. Essas mulheres carecem de atenção, precisam ser realmente acolhidas e fazemos isso aqui, através do acolhimento psicológico. É importante que elas saibam que existem pessoas preocupadas com a segurança delas. E esse trabalho tem nos dado um retorno além do esperado, pois é muito confortante ver o que podemos fazer por elas. É uma Guarda realmente cidadã”, acrescentou Lacerda.
“Graças a esse curso, hoje estou bem mais esclarecida em relação à violência contra a mulher. Infelizmente, eu vivenciei isso em casa com a minha mãe. Eu era criança e não tinha a quem recorrer. Foi muito difícil. Se eu soubesse o que sei agora, eu não teria deixado ela passar por muita coisa que ela passou. As aulas foram importantíssimas para me preparar para que nunca ocorra comigo ou com alguém próximo. Mas tudo o que aconteceu com a minha mãe, eu levo desde pequena, tive muitos traumas, tive que fazer terapia. Eu era agressiva com os homens, pois achava que eram todos iguais ao meu padrasto. Sou casada com um homem maravilhoso e agora sei que é possível ter um casamento sem violência”, confidenciou a recém-formada no curso Patrícia Fernandes, de 35 anos.
A trabalhadora autônoma Ana Cláudia Cerqueira, 28, gostou tanto da iniciativa que já indicou o curso para várias amigas. “Aprendi a desenvolver técnicas para me defender, a prever situações perigosas, lendo sinais físicos nas pessoas e isso é muito importante para mim, pois fico exposta na minha barraca e porque, infelizmente, a violência está em todos os lugares”, explicou Ana Cláudia

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